ONDE É QUE (ER)REI?

Nem sei por onde começar...
Porque esta é uma tarefa difícil, à qual tenho andado a esquivar-me largamente.
E qual é o motivo de tanto evitar semelhante tarefa?!
Dizer a verdade...
E a verdade às vezes é tramada.

(ALERTA: esta verdade que aqui se anuncia não é mais do que um conceito subjectivo e altamente suspeito, relativo única e exclusivamente àquela que é a minha opinião.)

Muitos (considerando uma amostra de cinco pessoas, um conjunto de duas pessoas já permite a utilização do plural e oferece consequentemente, a ideia da multiplicidade) rapazes me têm pedido conselhos e advertências, ajudas, guias de compras, lojas online...
Alguns pediram até que publicasse coisas no blogue.
Tenho evitado.
Mas hoje senti-me com coragem...
Talvez pelo carácter evocativo-simbólico da data que se assinala.

Dentro da medida dos possíveis, tenho ajudado com alguma parcimónia.

Para mim os Homens têm muitíssimas vantagens relativamente às mulheres.
No entanto, e como não parto de uma premissa compararacional para desenvolver esta entrada, deixarei o assunto para outra ocasião.

Homens deste Mundo, sabei de uma coisa: para ter estilo, é absolutamente necessário começar por uma das partes menos coloridas do nosso corpo, à qual se costuma chamar massa cinzenta - o cérebro.
Sem cérebro, podem ter a mesma conta bancária do Cristiano Ronaldo, o melhor consultor de imagem do Planeta, a namorada mais hot do mundo, o melhor carro... podem ter TUDO, que nunca vai resultar.
Vai sempre ser um pastiche medíocre, ou pior, vai ser sempre postiço.
Escolham vocês.
É raro o Homem com estilo que não tem uma excelente noção de si mesmo, do seu gosto e da sua vontade.
Porque (e considero esta entrada a mais banal de sempre neste meu blogue) vem tudo de dentro.

Já vos dediquei algumas entradas cheias de fotografias de Homens realmente portentosos, com estilo, com boa imagem, com belíssimo ar...
Não é preciso copiar ou escolher o modelo, é preciso perceber os carácteres e, a partir daí, fazer uma espécie de auto análise e seguir em frente.

Só conheço um caso de muitíssima falta de cultura livresca e interessantíssimo gosto e estilo.
Mas esse caso, de tão particular que é, é inatingível.
Um pai francês que fugiu, uma infância passada entre o bas fond dos bares clandestinos de Caracas e a Lexington Avenue, uma Avó cabeleireira de Teatro e uma Mãe Cantora Latina, fizeram dele o Homem mais edgy e com melhor gosto que tive o prazer de conhecer e de trabalhar com.
A defesa que a sua atitude faz de cada look é do foro do impressionante.
E nunca vi ninguém aprender isto de um dia para o outro.
O gosto é uma coisa que se deve educar, desde tenríssima idade.
A partir de uma determinada idade, é difícil começar, porque não há bases.

- Ora bem.
É preciso ver.
Observar.
Ver. Ver. Ver.
A cultura visual, no que toca a vestir, é importantíssima e desempenha um papel fundamental: é ela que estimula as sinapses.
Depois, é precisa uma enormíssima dose de Audácia.
- Porquê?
- Porque a Audácia é o que dita a Medida Certa.
- Ahnnn...
- Bom, é a Audácia que dita também A Confiança - e A Liberdade.
- Como Liberdade?
- A Liberdade como conceito puramente imagético e cerebral, interno, vá... pois uma vez que vivemos num País Livre (ou pelo menos continuam a dizer-nos que assim é...), não é necessário invocar nenhum outro tipo de conceito para aplicar à Liberdade.
- Acho que não entendo...
- Não interessa!... Isto também não é para entender! Isto não é uma verdade estanque ou imutável, isto é tudo para interpretar em pleno e consciente uso da tua Liberdade.
Bom, é também extremamente importante pensar na roupa com a tua (porque cada um tem a sua) Cartilha Das Belíssimas Maneiras bem presente.
- E a partir daí...?
- A partir daqui está tudo bem.

No meu caso, o vestir tem sido um treino ao qual vou já há cerca de vinte e três anos.
A minha Mãe conta-me que havia determinadas farpelas que era impossível vestir-me.
Diz que começava a chorar e não havia forma de me calar.
Depois comecei a vestir-me sozinha.
As combinações, para mim, nunca dependeram da conjugação da cor ou do padrão, mas sim das formas.
Ainda hoje é assim.
Mudo algumas coisas no que toca à cor e ao padrão, porque estou cada vez mais viciada em roupas neutras, mas muito bem confeccionadas e de boa qualidade.
De resto, continuo igual.
Adoro formas e proporções.
É claro que tenho anos de visões Apolíneas e ultraclassicistas na minha retina, anos de Mulheres e Homens muito cuidadosos na maneira de vestir e muito sábios intelectualmente, e alguns anos de Cultura Popular dedicada a fenómenos de ordem mais Sociológica (aqui entra o papel da influência do Punk e do Heavy Metal, und so weite...).
Posto isto, é claro que eu sei exactamente o que quero/devo - ou não - comunicar quando me visto.

Para os Homens, não recomendo nada em particular, a não ser o Google como página de abertura do browser.

O Google deve ter servido, ultimamente, para procurar miúdas giras ou as vulgaríssimas gajas boas, mas a partir de agora façam a pesquisa, por exemplo pelo nome da miúda gira/gaja boa mais a palavra namorado.
Pode que resulte...
Não garanto nada.

O Google é a única ferramenta que pode ajudar a construir ou destruir um estilo, já que oferece todo o tipo de resultados.
Utilizar o Google como o Oráculo do nosso quotidiano pode ser revelador, na medida em que, por exemplo, acordámos ou sonhámos com qualquer coisa. Vamos ao Google e é-nos automaticamente oferecida a possibilidade de descodificar a imagem em duas ou três palavras, digitá-las na janelinha do motor de busca e seleccionar que tipo de resultado queremos - se em imagens, se em notícias, se queremos sentir-nos com sorte...

De facto é muito muito inglório pensar em dar conselhos de estilo.
Seja a quem for.
E eu estou cá para isso, se precisarem e o meu escasso tempo o permitir.

Na verdade, eu limito-me a ver e a não me fechar a nenhum imaginário.

Tenho visto muito Homem bem vestido, e acho que a grande maioria dos meus amigos Homens se veste muito bem.
E isso dá-se porque cada um é autêntico e eu tenho a hipótese de saber disso através do convívio.
Caso não o soubesse, já experimentei - das várias vezes que tentei escrever esta entrada - isolar o quanto amo cada um dos seus cérebros e concentrar-me apenas e só na sua imagem.
E as roupas deles, os estilos deles, são perfeitos, porque se nota que aquilo lhes pertence, lhes é familiar e que existe ali uma familiaridade qualquer com o que os está a proteger ou adornar.
Confesso que este foi um exercício muito difícil.
Não consigo pensar num Homem bonito ou charmoso dissociando-o da sua atitude, da sua gestualidade ou do seu cérebro.

É como ganhar o Euromilhões.
Ou é como as Ocupações durante a Reforma Agrária no Alentejo.
Ou é como os plágios da Clara Pinto Correia.
Não é, de todo, possível, provar que uma coisa que não nos pertence naturalmente, seja nossa por dá cá aquela palha.
Não dá.

E também sei, Caros Amigos, que em Portugal ter estilo é cada vez mais difícil, vestir bem é cada vez mais difícil...
Mas existem sempre as lojas online e o VISA, os voos low cost, a internet, as Bibliotecas Municipais e as Públicas, as lojas de revistas de centros comerciais onde não é preciso comprar tudo, as zonas de leitura das livrarias, os downloads ilegais...
No fundo, o Window Shopping é O Salvador dos nossos tempos, dos nossos IVAs, das nossas contribuições.
Também existem os Saldos e os Outlets.

E para os que não se contentam com nada disto, existe ainda uma espécie de Guia Intrínseco Do Que Se Deve Adquirir De Boa Qualidade Para Fazer Com Que A T-Shirt De €1,00 Pareça Óptima, que é:

- Bons óculos de Sol (e clássicos, de preferência);
- Bons Sapatos;
- Bom Casaco De Inverno;
- Bom Relógio (se for caso disso);
- Bom Corte De Cabelo;
- Boa Pele (requer BONS CREMES);
- Bom Corpo (requer treino e boa alimentação, mas nunca é tarde para começar!);

Com isto, já gastam uma BOA nota...

E acho que estes são os meus conselhos...
Cabe-vos ficar ou não contentes com eles e transmitir a vossa opinião.

Porque para mim o estilo reside no topo da cabeça.
E não há volta a dar.