Correspondência, Pt.1

Caros Leitores/as,

Espero que esta carta vos encontre de boa saúde.
Aliás, tenho a certeza de que o fará.
Serve a presente para me redimir da pouca atenção que vos tenho prestado.
É terrivelmente obsceno não fazer updates há tanto tempo e não tenho desculpa...

Gostaria, no entanto, de partilhar convosco a magnífica aventura em que tenho andado metida: a decoração do meu novíssimo espaço habitacional!

Odeio tudo.

Cheguei a esta brilhante conclusão ainda nem há uma semana.
A verdade é que odeio tudo e não consigo comprar nada, porque odeio mesmo tudo.
É uma espécie de descontentamento permanente, porque o que há nos blogues e revistas e coisas dessas parece lindo, mas depois é impraticável pelo seu carácter überdecorativo.
Depois odeio aquele género fémina em que tudo tem estampadinhos e coisinhas e bonequinhos e florinhas e cores e...
Aaaaarrrrrrrgggggghhhhhh!!!!!!
Depois odeio o IKEA e as coisas do IKEA e a sua magnífica política de outsourcing total.
Também odeio (eis um conceito sugerido pelo meu querido A. e. T.) a política segregacional a que os clientes desta grande superfície sueca estão sujeitos, porque ninguém consegue acartar os móveis ainda embalados, tal não é o seu peso... Paira no ar uma espécie de apologia do cliente ariano que não me ultrapassa d'um todo...! Os preços não são assim tão convidativos e as coisas parece que se vão desfazer em três, dois um... PAFFF!!!
Ainda tenho a dizer que o preço dos fretes é tal que é um frete adquirir mobiliário IKEA...
Existem outras lojas, bem sei, mas também não são o fim do mundo em cuecas.
Têm coisas, mas lá está, ou roçam a cena oriental, ou roçam a cena do people que curte ioga e incensos ou então vão directamente para o universo fémina.
Não sei como é que um homem poderá decorar a sua casa perante as opções deste mercado...
Fiquei-me pela area, que só ganha porque tem remakes autorizados de peças de autor, e pelos antiquários que conheço... Também me fiquei pelos ex-colegas handy de cenografia e tenho já coisas a sair, exclusivos, portanto, brotados da minha Santa Cabeça.

Consegui comprar os essenciais, aquilo a que se podem chamar os básicos, mas mais do que isso, népia.
Neste momento, estou rodeada de vazio, pelo que pensei que talvez fosse gentil dirigir-me aos meus seguidores/as assim a esta hora que ninguém desconfia.
Começam a entregar aquilo que adquiri amanhã (isto já está em draft há uns três dias e a casa continua vazia...).
Não posso estar mais orgulhosa das minhas poucas compras, das quais destaco uma mesa Olaio com quatro cadeiras, o melhor sofá da história dos sofás, em pele branca, acolchoado e uma máquina de lavar roupa que toca o hino da alegria quando acaba a lavagem.
Um primor!
Mais tarde virão mais coisas, nomeadamente algumas das minhas action figures da religião, uma cómoda estilo Dª. Maria e mais umas cadeiras.
Finalmente fez todo o sentido ser uma pessoa que anda em prospecção de mercado permanente!
Tenho ainda um closet como deve ser, arrumado e organizado, em que os sapatos se dão ao luxo de estar dispostos por ordem cromática - até que me dê o aborrecimento e lhes troque as voltas - e os óculos de sol num compartimento só deles, compartimento esse que teve de ser aumentado para o dobro, pois não cabiam lá todos...

Gostava imenso de partilhar fotografias convosco, mas ainda não as há, pelo que fotografar o espaço vazio não é revelador de grande interesse...

Um excelente fim de semana e até à próxima entrada, que hoje estou assim, DOIDA.