HATERS GONNA HATE ou ANÓNIMO

Sempre gostei muito - já desde os tempos do IRC - de pessoas que fazem e dizem e acontecem e rebentam e explodem e criticam e refutam e odeiam e se manifestam e fazem tudo aquilo a que têm direito, em modo Anónimo.

EXPRESSÃO DE ORDEM: DILUIR-SE NA MASSA.

Aparentemente é tudo (objectos e pessoas) muito único e muito autêntico e tem imensa identidade única e é muito genuíno e tem muita personalidade e é completamente exclusivo e só gosta de coisas que mais ninguém conhece e mais o quê, mas depois, afinal... não é bem assim...

Por isso é que neste blogue, se alguém quiser comentar, tem de se identificar.
Porque ao contrário do que muitos pensam, sou uma jovem que acredita na liberdade e na democracia, apesar de já se ter comprovado que mais ninguém acredita nestas duas coisas, muito menos sabe lidar com elas...
Mas bom, como jovem que acredita, espero do próximo a capacidade de me ofertar qualquer coisa na mesma medida.
O problema é que, na maioria dos casos, o próximo é sempre um cobardolas.

No entanto, gostava de clarificar um ponto: ainda bem que existe a internet e que todos os cobardes que estão em casa têm acesso directo à mesma, quer seja no computador, no telemóvel ou no iPad. Sem internet os cobardes estariam muito mais frustrados e não se conheceriam entre si. Fico feliz por haver tanto cobarde. Ser Anónimo é ser cobarde. Ser Anónimo é não revelar a identidade com medo. E, como bem se sabe, o MEDO é para gente cobarde. Graças à internet, a cobardia tem vindo a aperfeiçoar-se imenso, porque, entre outras coisas, facilitou o acesso a muito mais meios que veiculam e fomentam a mediocridade.
Obrigada à internet por agora toda a gente poder opinar e saber Himalaias de coisas.
Na penumbra, claro.

A sério, comprar os livros da Orfeu Negro e ir à Louie Louie não é sinónimo de autenticidade.
Porque lá por andarem no comboio da Linha de Sintra com um bigode e um Zizék na mão, não quer dizer que estejam a ser ou a viver ou a sentir mais do que a empregada de limpeza que está ao vosso lado.
Provavelmente a empregada de limpeza é mais autêntica do que vocês.
Porque, yá... O tempo em que uns óculos de massa ditavam o grau de intelectualidade já passou.
E o das T-Shirts vintage falsas também.
A partir do momento em que a Springfield vende Converse All Star e no Colombo há lojas para góticos, acho que já está tudo dito, não é?!

Mas não sei...
Porque para mim a questão divide-se em Anónimo e Não Anónimo.
Do lado da barricada dos Anónimos está uma corja muito antiga, que vive na sombra e que sabe imenso criticar e dizer e fazer e acontecer.
Conheço bem!
É género separatista Basco, mas sem saber fazer cocktails molotov.
É género durão e forte e mais inteligente que os outros, muito melhor, muito mais astuto e sábio, com um raciocínio muitíssimo mais organizado e com uma opinião quase sempre melhor.
E há subgéneros: são os treinadores de bancada, os surfistas da banheira...
Mas como desejo que só os Anónimos leiam isto, não preciso de ser überexplicativa, porque, lá está, à primeira linha, os Anónimos já fizeram o scroll down completo, porque já sabem tudo.

Anónimos, adoro como sabem tudo.
E adoro como a vossa voz só pode ser ouvida na penumbra de um IP.
E adoro ainda mais a vossa capacidade crítica chata e velha, vestida de bordeaux e verde seco, barata e aborrecida.
Adoro que a última vez que o Novo tenha atravessado a vossa vida tenha sido quando saíu o OK Computer.
E que se arrastem pela Faculdade de Letras com livros na mão em tom de adorno objectivo-concreto ao mais lamentável estilo blasée.
Se pensam que vão engatar miúdas com um Gogol na mão, tirem o cavalo da chuva.
Porque mesmo as que gostam do Gogol, preferem um gajo giro.

Os Anónimos são pessoas que estão fartas de estar enfadadas.

Anónimos, a sério, eu também não aprecio esta extensão do Verão, mas acho que a falta de Outono vos está a fazer mesmo muito mal.
É mais fácil criticar quem está visível, mas...
Guess what?!
Toda a gente ocupa posições diferentes.
E vai ser sempre assim.