RESPOSTAS ÀS VOSSAS CARTINHAS (a algumas!... que não dá para ser a todas, 'tá?!)


Amiga Anónima da 17:11h,
(creio que será do sexo feminino, pela escrita)
Vivo no Palácio Encantado da Barbie.
E livre-se, por favor, de todo e qualquer sarcasmo de que possa ter vindo a munir-se, para ler estas linhas.
É verdade, Crida, vivo MESMO no Palácio Encantado da Barbie.
E é tudo cor-de-rosa.

- NOT -

É claro que não lhe vou ensinar a si, nem a ninguém, qualquer forma de poder vir a tornar-se igual a mim.
Para isso tem imensos blogues que pode consultar.
Pode que as bloggers não escrevam para o P3 e que seja mais difícil chegar às suas plataformas individuais, mas se escrever no Google portuguese fashion blogger, vai ver que lhe aparecem mil resultados, pelo menos.
Cada uma dessas fashion bloggers compra coisas baratas, em lojas baratas e acessíveis a toda a gente, aos salários de € 500,00 e às mesadas de € 100,00.
Caso, ainda assim, não consiga encontrar aquelas de que gosta, que fazem o seu género, etc... não se preocupe: como todas as fashion bloggers que desejam espalhar a semente do seu estilo próprio são muito amigas entre si, o que não lhe faltará são links para os seus blogues, posts em conjunto à porta de eventos, à porta da Moda Lisboa ou à porta da VFNO (sigla para Vogue Fashion's Night Out), e vídeos sobre os seus encontros ou sobre como é que se conseguem aqueles estilismos e as fotos que os imortalizam.
Elas ensinam TUDO.
Nesses blogues, poderá aprender a escrever mal no seu próprio idioma, ver fotografias lamentáveis, cortes de cabelo do demónio e todo o tipo de coisas lindas e efabulatórias sobre como Paris é maravilhoso e a língua francesa é tão romântica (e de como o Google Translate é tão amigo), mais tantas outras banalidades de base sobre o Universo do Sótão da Avó, sobre cupcackes e macarons e chás e vernizes e almofadas e gatinhos e capitonné, e papel de parede e design e a revista Lula e os tons pastel e a Sofia Coppola e a Lana del Rey e os cortinados de gaze, o Inverno e o passado sempre presente, a Audrey Hepburn e a Coco Chanel e os lustres da Baccarat Noir por aí fora.
(Fiquei enjoada e com a sensação de que esses blogues é que citam e referem o tal "Belo mundo"... não acha?)
Nesses blogues poderá participar em concursos para ganhar sapatos MBT (clique na sigla e investigue; vai ver que adora e que é mesmo isso que as fashion bloggers também adoram! Tenho para mim que todas as fashion bloggers adoram este género de sapatos para ir comer macarons e sonhar com Paris... Combina lindamente!), coffrets do Boticário, vestidos de marcas inenarráveis e ainda alguns talões de desconto, julgo eu.

É também com esses blogues que se ganha dinheiro e se faz de fashion blogger profissão.
Só que em vez de se ser a miúda do Man Repeller ou a Garance Doré, é-se a miúda da Pipoca Mais Doce, do Blogue da Mini-Saia, etc...
E é por isso que esses blogues são aquilo que não faço, não vejo, não sigo: falta de interesse nas matérias tratadas, porque normalmente nenhuma dessas matérias é realmente tratada. Sempre que num desses blogues há coisas escritas, os textos são apenas expositivos ou informativos e mais parecem ter sido emitidos por uma jovem acéfala ou acrítica.
Porque... O Belo precisa do Horrível.
Ou gostamos sempre das colecções da Chanel?
Por exemplo, só se não soubesse falar inglês e não tivesse internet é que precisaria de ver e ler esses blogues...
Para quê ver as versões portuguesas das mesmas notícias uma e outra vez, ainda por cima com atrasos?
Para quê ver as cópias triunfar, quando há gente tão boa a CRIAR conteúdos?!
O meu Pai ensinou-me a ver as coisas de uma forma objectiva e a isolar fenómenos.
E eu isolo.
E sei do que é que gosto e do que é que não gosto.
E critico.
O espírito crítico é, em última instância, a derradeira prova de que não se teme a expressão de uma opinião e as suas consequências.
Criticar é uma forma de procurar a verdade.
É também, uma forma de assumir posições.
E pessoalmente detesto tudo o que não seja afirmativo.

Explique-me o que quer, porque não entendo.
Quer que lhe ensine a vestir-se bem e barato?
Quer que lhe diga que formas e cortes deve usar para o seu corpo?!
Quer o quê?!
Porque se é uma cartilha que quer, Crida, lamento, mas isso não vai acontecer.
Acho que já há uma fashion blogger com uma editada...
E tem sempre a Vicky Fernandes, que a pode socorrer.
Não a posso ajudar, porque olho SEMPRE para a peça que tem a etiqueta dos três dígitos à esquerda.
E depois junto dinheiro.
Não tenho cartão VISA, por exemplo.
(Veja que extravagante!...)

Já viu, certamente, aqueles programas em que mudam as pessoas.
Levam os maiores trastes do mundo ao cabeleireiro, ao dentista, ao maquilhador, à depiladora, ao personal trainer e finalmente à loja.
E fazem das pessoas mais absurdas da terra, pequenos cisnes caminhantes.
Depois fazem o antes e o depois.
Mas não fazem o depois de dois anos.
Ou dois dias.
Porque fica tudo na mesma.
Ou pior.
Porque a partir do momento em que o indivíduo perde o medo às compras, é fartar vilanagem!

Tudo isto para lhe dizer que não há volta a dar.
A nada.
A absolutamente nada.
E o Mundo afinal é um lugar feio, cheio de gente feia e mal vestida, impossível de ensinar.
Tenho um amigo que me diz isto constantemente.

Admito que sou pouco ortodoxa.
Mas por algum motivo escolhe vir aqui ler o que se escreve.
Ou é alguém que a obriga?!
Aqui não pode procurar a cura para o cancro, nem o guia das melhores compras na Baixa Pombalina, nem nada que se assemelhe.
Porque não há.
Porque se há coisa de que gosto, é de não ter rotinas absolutamente nenhumas, especialmente no que toca às compras.

E se lhe pareço arrogante a si ou aos outros Anónimos que tão fortemente me criticam a prosa, deixe estar, não se preocupe, vivo bem com isso.
No Palácio Encantado da Barbie há lugar para mim e para os meus.
E para um peixinho Betta, que, segundo dizem, filtra e absorve os maus olhados.

Compreendo que lhe cause repulsa não partilhar os meus segredos.
Lá está, são segredos.
E o segredo é a alma do negócio.

Como poderá ter compreendido através de posts anteriores ou por qualquer outro meio, posso afirmar e garantir, com a maior transparência e franqueza, que NINGUÉM patrocina este blogue.
Já tive ofertas.
E já tive uma relação próxima com uma marca de que gosto muito, em termos conceptuais.
Pena é que (eu) não possa cumprir com todos os objectivos que pretendem de uma trendsetter.
Em última instância, para a marca, não sou trendsetter.
E ficámos por aí.
Mas continuo a fazer-lhe publicidade, sabe porquê?!
Porque os acho óptimos.
Marcas há que desejam patrocinar-me a troco de um lápis azul.
E se há coisa que prezo, é a Liberdade.
Como para comer e pagar a renda e as contas, trabalho, e não tenho por hábito ingerir algodão, linho, ou outros materiais, dispenso os patrocínios e opto por ser eu a rebentar os meus suados euros em jóias, roupa e calçado a meu bel-prazer.

Aproveito para reforçar ainda a ideia de que só vem aqui porque quer ler-me.
Senão não vinha, não era?

E... Já agora...
Como é que sabe que deseja imenso copiar o meu estilo?
Já alguma vez o viu?
Segue-me?
Sabe que não vivo, de facto, num Palácio?
Santa Maria!

Não sei se tenho um estilo.
Gosto muito de roupa, de me vestir, de bom gosto, de requinte...
Mas não tenho um só estilo.
Tenho vários.
E não faço do meu estilo um espectáculo ou uma marca.
Não tenho uma imagem de marca.
Nem quero.
Quando quiser, clarificarei as minhas intenções.
Até lá... Vá lendo o que escrevo.
O meu estilo é o mesmo desde criança.
Substituí algumas coisas de criança por coisas de adulto e depurei um bocado a coisa, porque, embora lhe possa parecer que não, tenho uma profissão e mais do que um trabalho.
Tudo bem que nenhum dos dois exige formalidade, mas eu exijo-me a mim própria uma determinada coisa.
Quanto ao gosto... Pode sempre ler o Gillo Dorfles.



Agora à Anónima ou Anónimo das 17:09h, o qual julgo ser também o das 17:08h,
Crida/o, aprenda primeiro a comentar numa janelinha, sem se enganar.
Não lhe dá um aspecto muito profissional.

Para si tenho duas respostas.
Não precisa de escolher entre elas, fique com ambas.
São um presente de Reis com cinco dias de atraso.

1. Ser antitético ou não, não me parece um conceito válido às portas do Armagedão. Essa cena já passou. Estamos noutra. Vivemos noutra. O tempo é outro. Não lhe consigo arranjar um nome. Remeto-a/o para o header do blogue: INTELECTOTRASH™ e digo-lhe que, se perdeu o comboio nos anos oitenta e não interiorizou a Pós-Modernidade, ainda vai a tempo.

2. Espero que tenha lido aí em cima o parágrafo do "lápis azul" e que saiba (calculo que sim, que sabe, dado o uso de "antitética" no seu textinho venenoso) o que é o "lápis azul" a que me refiro e que consiga estabelecer um paralelismo digno entre uma coisa e outra e que, da próxima vez, se identifique.

Porque é muito injusto: todos sabem quem eu sou, mas eu não.

Por favor, mandem as vossas fotos com nome e idade para trashedia@gmail.com, 'tá?