Audacity of Shoes

A minha sorte é que a máquina fotográfica do i-Phone, aliada à luz de Lisboa, dá umas fotografias bastante jeitosas.

Apresento-vos dois modelos de sapatos demasiado comuns na minha colecção (que ascende aos 127 pares): o sapato abotinado de toda a vida e o ténis bota.

Qualquer um dos dois tem direito à sua pequena nota introdutória:

Num dia em que fui visitar os meus avós e decidi ir de salto alto, a minha Mãe enfiou na cabeça que era imprescindível ir ao El Corte Inglès a Badajoz (como não, se somos borderliners desde sempre?!).
Uma vez que só ando de salto alto quando sei que vou chegar ao sítio combinado, que me vou sentar e que não vou ter de andar doze mil quilómetros em cima dos ditos cujos, e sendo que ir ao El Corte Inglès significa uma tarde de compras muito árdua, vi-me, ainda a procissão ia no adro, numa situação extrema: chegada ao segundo piso, tive de me sentar.
A minha Mãe não conseguia acreditar que eu tivesse desistido.
Tinha de estar em péssimo estado.

- Ai, Mãe, nem pensar... Eu fico aqui... Onde ponho os pés ponho a cara...

Apiedada, e ao ver-me sentada na secção de sapatos, que é a única que dispõe de bancos e a que mais conforto me poderia trazer, a minha Mãe desapareceu e num ápice voltou.
Apareceu ao pé de mim com estes sapatinhos lilás e disse:

- Põe nos pés que eu já paguei. Não aguento ver-te aí sentada...!

Nesta bela imagem proporcionada pelo i-Phone, envergo-os com umas Diesel Cuddy.
São Gloria Ortiz.



De regresso a Barcelona depois de um par de meses de interregno em Portugal, estava absolutamente pobre e muito enferrujada, pelo que as aulas de dança eram uma espécie de tormento... Ao fim de quatro horas de aulas já estava tão cansada que nem me lambia...
Fugia, esperava que ninguém me visse e apanhava o comboio em Sarrià para descer até à Plaza Catalunya e correr até casa.
Ao terceiro dia desta rotina de toca e foge, e como a minha queridíssima amiga panamenha vivia na Gràcia, telefonei-lhe e disse-lhe que precisava de ir gastar todo o meu dinheiro à SNÖ.
Ia esturrar tudo sem pensar e ponto final.
É óbvio que o esturranço iria provocar-me uma ataxia assim que visse o saldo da conta.
Ainda assim, achava a ideia genial.
Na SNÖ não havia nada que eu quisesse.
De todas as coisas que queria comprar numa loja dedicada ao que de mais popularucho existe na roupa nórdica, nenhuma me assentava.
Saímos e em depressão continuámos pelo Carrer Sèneca, já só com o objectivo de ir comer a um restaurante libanês que tem a segunda melhor hummus de Barcelona e que fica no cruzamento entre a Sèneca e o Passeig de Gràcia...
Nós chegámos a comer hummus, mas antes disso os meus olhos foram atraídos por esta cor e foi ela que me enfiou numa loja indistinta da qual nem sei o nome e à qual nunca mais voltei.
Perguntei.
E se há combinação de palavras que me arrepia, DEAD STOCK é uma delas.
E arrepia-me muito mais quando se lhe somam anos.

HMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!

Estas belezas eram o último par de um DEAD STOCK da Max Mara.